Os ex-policiais militares Smailly Araújo Carvalho da
Silva e Antonio Ribeiro Abreu, julgados nessa terça-feira (24), pelo sequestro,
morte e ocultação do cadáver do estudante Ivanildo Paiva Barbosa Júnior, foram
condenados a mais de 20 anos de prisão cada um. O Tribunal do Júri, presidido
pela juíza Suely de Oliveira Feitosa, da 2ª Vara Criminal de Imperatriz, se
estendeu até aos 40 minutos da madrugada desta quarta-feira (25).
De acordo com a decisão do Conselho de Sentença, o réu
Smailly Araújo Carvalho da Silva foi condenado a 21 anos e seis meses de prisão
em regime fechado, além de 30 dias multa. Já o Antonio Ribeiro Abreu foi
condenado a 22 anos e oito meses de prisão em regime fechado, além dos 30 dias
multa.
Foram mais de 17 horas de julgamento, que teve início na
manhã dessa terça-feira (24). Durante todo o dia foram ouvidas 11 testemunhas
arroladas no caso e feita acareação entre os acusados e Claudiomar Ferreira dos
Santos (já condenado pela participação confessa no crime). No fim da tarde
foram iniciados os debates, com a promotoria do caso, representada pelo
promotor de Justiça Joaquim Ribeiro Júnior, e a defesa, com o advogado Eduardo
Faustino. O encerramento dos debates ocorreu por volta das 23h, quando teve
início a votação dos quesitos pelos jurados e, em seguida, já nesta
quarta-feira (25), a leitura da sentença.
Crime - Ivanildo Paiva de Barbosa Júnior desapareceu
na madrugada de 13 de setembro de 2008. Segundo os autos, o estudante, de 19
anos, voltava de uma festa realizada no Parque de Exposições de Imperatriz.
Após deixar umas amigas em casa, Ivanildo teria sido abordado pelos policiais
(fardados e em uma viatura) quando teria sido transportado no porta-malas do
carro até a Estrada do Arroz, no município. No local, o estudante teria sido
espancado e morto com um tiro na nuca disparado por Abreu. O corpo do estudante
foi encontrado oito dias depois, enterrado em uma cova rasa na referida
estrada.
Em interrogatório prestado em Juízo, Claudiomar confessou
ter participado de alguns atos relativos ao crime, mas diz que não sabia da
intenção dos acusados de matar o estudante. Nas palavras do pagodeiro, dias
antes do crime teria ouvido de Smailly que iria abordar alguém a quem pretendia
extorquir. No dia do fato, conta, foi acordado às 5h por um telefonema do
policial pedindo que ele fosse ao local onde o estudante se encontrava, a fim
de monitorá-lo até que o mesmo se achasse em um local deserto Ainda segundo
Claudiomar, na ocasião Smailly pediu que ele levasse uma arma, pois não poderia
(Smailly) utilizar a que portava, de propriedade da Corporação.
Porta-malas - Conforme as instruções, Claudiomar
seguiu Ivanildo até quando o rapaz deixou uma amiga em casa, momento em que
ficou só no carro, o que foi informado a Smailly. Nas palavras do pagodeiro, o
policial então teria dito: “Agora, deixa comigo”.
Claudiomar afirmou ainda ter visto o momento em que o
estudante foi colocado no porta-malas da viatura pelos policiais (cena
registrada pela câmera de segurança de uma loja situada no local), após o que
Smailly o teria instruído a segui-los até a Estrada do Arroz, onde os denunciados
teriam tirado o estudante do carro.
Chutes - No relato do pagodeiro, Abreu segurou
Ivanildo por trás, abraçado ao pescoço do estudante com os braços, “como se o
tivesse enforcando, ao mesmo tempo em que Smailly dava chutes no estômago do
rapaz. Retornando ao local com umas palhas que os policiais pediram que
pegasse, viu Abreu pressionando o pescoço da vítima com a bota, enquanto
Smailly, afastado, parecia falar ao telefone. Os policiais teriam então
transportado o corpo do estudante para um local que parecia uma grota. Na
ocasião, como o rapaz parecesse respirar, Abreu teria batido na cabeça e nas
costas do estudante com um cassetete. Como o rapaz continuasse vivo, Abreu
teria solicitado a arma que encostou na nuca de Ivanildo, atirando. No dia seguinte
ao crime, Smailly teria ligado para Claudiomar informando que estavam no local
cavando uma cova para enterrar o corpo da vítima.
Outra testemunha afirma ter visto os policiais, em
atitude suspeita, portando ferramentas tipo pá ou enxada, no local onde
momentos antes teria ouvido um tiro (na Estrada do Arroz).
FONTE: ASCOM/CGJ
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